aceito a inconstância da nuvem sob o azul impenetrável do firmamento... aceito deste o alento... olhar saudade do tempo onde não estás... sonho esse lugar onde sempre chegarás inteira e definitivamente minha... tu que és do meu corpo rainha e da alma o reflexo de amor que nos entorpece o querer...
somos poema que se quer dizer repetidamente... água ou sulco... que em nós se faça... terra ou rio!... somos amor que aquece e arrefece... o dia que apaga e reacende... quente ou frio...
mas somos... amar sem perder o que de nós se foi... o que a nós chega a cada imediato instante... flor, fruto ou semente alada que a brisa anima... somos cadência musical da rima em cada beijo molhado por acontecer... o tão desejado abraço que consagra esse sentir...
somos no que há-de vir o mesmo inalterado intento... somos tanto por fora amor como por dentro a luz profusa que nos ilumina... e somos tudo que em nós começa e em nós termina...
nem sempre grito. nem sempre soluço. nem sempre a distância encurta o tempo de solidão... nem sempre na tua mão aportam meus sonhos: navios de bruma perdidos no desencanto...
nem sempre no oceano desagua o pranto que nos desdiz... nem sempre o que se quis venceu... nem sempre o amor é tanto que nos mereça agora... nem sempre o tempo é hora que se deseja... nem sempre ousados fomos por cobardia... nem sempre tardia a esperança que se fez ao mar...
nem sempre... para ficar... ou regressar... pois que de tanto naufragar a vida afunda... não sei se me queres ainda... teu amante... ou se distante amor em nós perdido está...
não sei o que vingará... nosso perdão e arrependimento... nem sei o que será de nós... esquecimento
imagem: Henry Fuseli
...
quero-te...
olhar colorido
abraço premente
beijo sentido
quero-te verdadeiramente
esse Lugar onde me libertar
quero morrer aí
e sentir que consegui
quero-te enfim
longe de mim...