de entre esses milhares
de flores…
fragmentos poéticos
da tua quietude crepuscular…
meus olhos silenciosos contemplam
esses jardins de saudade
a que amarras os teus pensamentos
num lento mimetismo que iluda
o indissolúvel da distância
imagem: © Anna O.
já nada me detém
imparável cavalgo como vagas
rumo à praia
onde desnuda à minha espera
o corpo de uma Primavera que transpira luz
como dunas floridas
em cada grão de areia
palavra que o sol edifica
como clarões de cor na métrica dos
dias despertos depois da aurora…
imagem: Cathy Rose
no pensamento que se segue…
numa outra rua ao virar da esquina
numa outra artéria onde pulsa o sangue
que coagula lento…
Alguém que ao relento
expõe toda a sua indigência
imobilizada ao frio desumano da indiferença e
aos olhares calcários dos que passam cabisbaixos…
a vida quase se concretiza!...
Mário João
há sempre um rio e mais alguém
que nos hidrata esse percurso
capaz de nos fazer correr...
há sempre essa distância húmida
que alimenta a nostalgia
há sempre uma mão que tem...
uma mão vazia!...
Mário João
sofro, sozinho, a ausência dos seus risos
e a melancolia invade todos os compartimentos
da quase insanidade
onde de verdade…
ficamos ardendo nas memórias
o significado exacto dessas cinzas