chegaste do anonimato
e revelaste-te
a derme que envolve em si
o poema génese de todo o amor
toda tu secreta
toda tu mistério…
recusas-te a confessar
de uma só vez
que a terra grita a nostalgia
do que em si contido
alimenta convulsivamente
a orogénese do verso
assim como
a erosão do pensamento
fragmentado pela brisa húmida de poente
sedimenta numa latitude
ocasionalmente tardia
é frágil esse poema
que alimenta o oculto
é como um vulto que se ergue
à luz da vela em noite de tempestade
é talvez…
como quem arde, lentamente,
na chama de um amor que se adia
e se rejeita
é como quem se deita pra sonhar
o esquecimento das coisas
que nos suportam…
que ferida aberta é esse anónimo ser?…
lugar onde minhas cicatrizes
foram com o mesmo sangue escrever amor…
que coisa é essa?.... esse amor que dói !?
gesto que verbaliza palavra que nunca foi ?!!!