abstraídos do ruído
a limpidez da música chegará
na ebulição dos pássaros que trazemos dentro
brisas de um outro Outono
que nos renasce…
no murmurar da água que nos ascende…
sede de acalmar o rigor dos dias
que devoram olhares famintos
na floração do poema
que nos povoa
palavra que nos habita
que nos ocupa
imediata e leve
a breve loucura do florescer
e ser florido
como se de uma Primavera
se tratasse
imagem: Cathy Rose
é urgente aceitar teu chão…
o imediato navegar
nesse acenar de árvore que nos agita
molda-me!...
animal solitário que como o vento grita
a ausência desses limites
deambulo
vagabundo na essência do teu rio
voo que essa torrente me possibilita
delírio
de ser, como tu,
“transgressor de mim”
entre geometrias proféticas
inevitavelmente precisas e perfeitas
liquefeitos que foram os lugares
de onde emergiram as crisálidas que antecederam
os versos equidistantes…
do poema
que nos resta
anuncio
o sentido único
proibido
da vida…
imagem: Daniela Treymann
não sei se o tempo que ainda resta flui para o açude que retém todos os momentos que usamos para construir memórias… o que subsiste de nós é tempo que descreve ainda dias iguais a tantos outros sonhos… a inocência repetir-se-á sem exaustão em todos os olhares que se deslumbrem ao amanhecer… sem nunca dizer adeus…