desespera o tempo na tua ausência...
breve o instante que teimo manter aceso...
e digo alto forte... amor a que sou preso...
sou a distância que fica
o que resta de mim... ou de ti
o cheiro à paixão que tão perto senti
enternece o adeus solitário
um presente da vida
e estremece a muralha
a saudade vivida
longo e constante
o desesperado grito
como no eco a montanha
libertando um proscrito
despertamos dos
nossos sonhos
o rigor afectivo dos nossos
versos mais imediatos…
se me queres assim…
mistério inquebrantável
que habita teu sonho…
tua tela eu desejo permaneça
em tons de branco
leito onde a minha mão
vai-se enchendo a maré
essa nossa praia!
eu, aqui, mesmo ao pé…
observando o pôr-do-sol
adormecendo o horizonte onde te deitas
também à minha espera…
não é quimera…
é palpável a tua pele.
como esta areia onde te toco
com a ternura de um olhar
…
tornou-se, a ligação, mais forte
porque te prolongas nos meus sonhos;
porque alimentas a minha vontade de ser feliz;
porque humedeces esse desejo;
porque hidratas a secura que venho sentindo;
porque me renovas também…
nas palavras que te vou dedicando;
nas flores e nos sorrisos que vão alegrando o meu jardim
que vive despido
que vive , como deserto, uma aridez imposta e consentida…
o teu amor? sim!... :
uma floração primaveril neste verão tão distante
uma paixão extemporânea neste envelhecer achando
que o Outono nos trará o amor…
da nossa vida!